24/06/2016

A raiz da corrupção, um olhar além do financeiro


A classe política anda muito desacreditada, tanto pela irresponsabilidade perante a função vital que lhe cabe, quanto por uma campanha midiática de criminalização da política. Observamos com frequência a expressão: “político é tudo igual, tudo ladrão”.

O filósofo Enrique Dussel, na obra Política da Libertação (2009), destaca que a corrupção não envolve apenas dinheiro como nos parece, mas uma denominada fetichização do poder político, ou seja, ocorre uma perversão, uma inversão de fundamento que é para ele a raiz de toda a corrupção política.

O fundamento a que se refere Dussel, é a comunidade política. Para ele, o “querer-viver” da comunidade política é a sede, a fonte do poder. Para que o poder político seja exercido, não basta apenas a vontade da comunidade política, mas que ele seja concretizado pela mediação das instituições (poder legislativo, executivo, judiciário). Estas por sua vez, são mediações, instrumentos necessários e quem está à frente delas, o está de forma delegada, ou seja, exerce o poder político não em seu nome próprio, mas em nome da comunidade política (ao menos deveria ser), porque na medida em que delegamos o poder ao representante, não significa que ele nos foi tirado, muito pelo contrário, ele nos pertence e somos responsáveis por ele.

Dussel aponta que historicamente as instituições e os políticos eleitos, tornaram-se autorreferentes, declarando-se a origem do poder político desligaram-se de sua origem, a comunidade política. Aqui estaria a raiz primeira da corrupção: os governantes consideram-se a fonte do poder político e por isso se autorizam a operar em vista de seus interesses próprios, na maioria das vezes em desacordo com a função primordial da política, de promover, aumentar e garantir a vida humana de todos os cidadãos.

O Deputado Eduardo Cunha, ao realizar manobras a todo instante, para garantir seus interesses individuais e do grupo que o sustenta com todo esse poderio é um exemplo da fetichização do poder. A presidenta Dilma Rousseff, foi muito feliz em um de seus pronunciamentos ao dizer que o lado certo da história é o da democracia. Por isso, pensar uma lógica de um poder-serviço onde os representantes assumam os interesses da maioria da população é construir um poder delegado legítimo, mais próximo de uma democracia participativa, o que não se percebe no governo interino de Michel Temer, que explicitamente quer impedir os canais e instrumentos de participação popular das decisões políticas.

*Por Junior Centenaro

03/06/2016

Festa é coisa de Deus! Festa é coisa de juventude!

“Vou aprendendo sensibilidades que me ajudam a sair de mim 
e a afastar-me das minhas certezas. 
Nesse território, eu não tenho apenas sonhos. Eu sou sonhável.”
Mia Couto

“- Padre, essa juventude só quer saber de fazer festa! Esqueceram de ir à missa, de rezar...” Com muita frequência, dada minha atuação com jovens, escuto avaliações como essa. Só festa...festa e festa! É uma afirmação interessantíssima por vários motivos. Primeiro, é fantástica uma juventude que sabe festejar! Festa tem a ver com celebração! Que tem a ver com grupo! Que tem a ver com coletivo! Que tem a ver com Deus! Depois, porque há várias formas de “rezar”. Mas a mais profunda é sempre comunitária. A comunidade é o lugar, por excelência, da relação com Deus a partir de quem ali se faz comunitário. Por isso, é importante dizer, nada tem de mal fazer festa. Aliás, festejar é também uma celebração na medida em que a vida ali cantada e dançada é encontro, liberdade e respeito. Reconhecer isso é uma questão de justiça com a meninada. Nada mais lindo que um coração que se alegra em festa!

Não podemos cair no minimalismo de achar que nas festas só tem coisa ruim. Reduzi-la a sexo, a drogas, a bebida, a brigas é desconhecer a essência do encontro. Claro que essas coisas também existem. Nem tudo são “coraçõezinhos”. Porém, é importante percebermos outras possibilidades bem mais vitais. A dança, a alegria, a música, as amizades, os namoros, as afetividades são sinais de vitalidade e da dinâmica juvenil. Onde há festa, há espírito juvenil.

A experiência religiosa cristã nasce do Deus – Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Uma experiência, assim, profundamente comunitária. Essa experiência revela o amor nas relações. Deus ama profundamente o Filho e o Espírito. Esse, por sua vez, é sinal de amor do Filho a Deus e a humanidade O Espírito é o próprio amor. Amor tem a ver com vida, com festa. Ninguém faz festa sozinho. Festa é fenômeno grupal. É comunidade e, quiçá, pudesse ser, sempre, relações bonitas.

Um fato muito comum é ver a meninada ir à festa entre amigos. Por isso, esse elemento também precisa ser destacado. Festa tem a ver com amizade. Até mesmo Jesus, seguidamente, ia encontrar com os amigos lá pelos lados de Betânia com Marta, Maria e Lázaro. Todos precisamos de amigos. Amizade se configura como uma relação de partilha e liberdade. A festa, assim como outros lugares, precisa  ser brindada com o coração aberto.

Em um contexto de evidência da subjetividade, a festa também se transforma em lugar para “se mostrar”. O outro precisa “me ver”. Infelizmente, isso tem marcado relações mercadológicas. A metamorfose das meninas e dos meninos com pinturas, gel, roupas curtas, corpo à mostra, nas festas por aí, revelam a vontade de mais “parecer” do que “ser”. É a esquizofrenia de transformar a festa naquilo que ela não é. A festa é o conjunto de subjetividades.

A afirmação que iniciei essa reflexão pode ser correta. Sim, a juventude quer saber de festa. Porém, isso precisa ser percebido de maneira também positiva. Transformar algumas festas depende muito mais de ampliarmos lugares para a juventude se encontrar do que achar que ela não deve ir para esses lugares. Direito ao encontro, direito à cidade, também é uma política pública.

*Por Maicon A. Malacarne

01/06/2016

Primeira etapa da 30ª Escola da Juventude reúne 80 jovens



A juventude da PJ percorreu nos trilhos da libertação o inicio de um lindo processo! Durante os dias 21 e 22 de maio, mais de 80 jovens da Arquidiocese de Passo Fundo reuniram-se na Escola Alternativa da Juventude Rural (ESCAJUR) para a primeira etapa da 30ª Escola da Juventude da Pastoral da Juventude. Com o tema “Nos trilhos da libertação”, os participantes trabalharam temas acerca da iluminação bíblica de Êxodo 3,5, “tire as sandálias dos pés, porque o lugar onde você pisa é solo sagrado”. Grupos de jovens, afetividade e sexualidade foram alguns dos assuntos trabalhados durante o encontro, envolvendo mística, debates e dinâmicas. 
 
Neste ano, a Escola da Juventude ocorre em três etapas, ao contrário de outros encontros já realizados na Arquidiocese, que aconteciam durante cinco dias. A segunda etapa será nos dias 23 e 24 de julho e a terceira está prevista para os dias 3 e 04 de setembro. As inscrições abrirão em breve e poderão ser feitas no link que será disponibilizado na fanpage da PJ ou no blog pastoraljuventudepf.blogspot.com.br. Sigamos em sintonia, amigos e amigas! Axé, Aweré, Aleluia!