10/05/2012

Entrevista de Dom Ercílio Simon




“O grande papel do jovem é ser evangelizador de outros jovens”

A equipe de comunicação da JMJ em Passo Fundo conversou essa semana com Dom Pedro Ercílio Simon, Arcebispo da Arquidiocese de Passo Fundo. Com grandes lições para toda a juventude, Dom Ercílio explica que a Igreja precisa acolher e orientar o jovem, que deve assumir a missão de ser jovem evangelizador de jovem. Para ele, o grande compromisso do jovem Cristão perante a sociedade pode ser resumido na construção de um mundo novo, com novos valores. Dom Ercílio fala também sobre o setor Arquidiocesano de Juventude, sobre a realização da Jornada Mundial da Juventude no Brasil e, para concluir, provoca o jovem a “por a mão na massa”!

Qual é o papel do jovem perante a Igreja?
Dom Ercílio: O grande papel da juventude é ser uma força transformadora na Igreja, por isso o jovem deve ocupar o seu espaço na comunidade. Atualmente, eu considero que esse espaço da juventude nas comunidades está meio vazio. Têm sim jovens em todas as comunidades, mas comparando com as escolas, por exemplo, percebemos que a maioria não ocupa seu espaço na Igreja. O jovem tem que participar da comunidade, não só assistir, não só chegar de vez em quando, quando um companheiro está casando ou em um batizado, mas sim participar da vida da comunidade, e para isso existem muitos movimentos e pastorais que propiciam essa participação. Para mim o grande papel do jovem é ser evangelizador de outros jovens. Jovem evangelizando jovem. A presença do jovem deve marcar um ambiente diferente na Igreja, ou seja, mais alegre, através de sua animação, de sua música, de seu canto e da sua alegria de viver.

E o papel da Igreja perante o jovem?
Dom Ercílio: A Igreja precisa saber acolher a juventude, mesmo que este acolhimento signifique distúrbio, barulho... O jovem precisa se sentir acolhido na Igreja. E ela não pode apenas propiciar essa acolhida, mas também saber orientar, já que o jovem está atualmente desorientado pela perda de valores no mundo. A Igreja deve, então, mostrar o caminho para o Jovem. 

Na sua opinião, qual é hoje o principal compromisso do jovem Cristão?
Dom Ercílio: O jovem precisa estar de olhos abertos para a realidade, ou seja, não concordar com tudo que há no mundo, mas ver quais são os problemas, as situações que estão erradas na sociedade. Saber dos contra valores que predominam no mundo e ter uma postura em relação a isso. Outro compromisso é realizar ações organizadas, com seriedade na análise e nas propostas perante a sociedade. Sendo assim, o compromisso social do jovem Cristão pode ser resumido na construção de um mundo novo, com novos valores.

E os desafios? Quais são os principais desafios que o jovem enfrenta atualmente?
Dom Ercílio: Um dos grandes problemas é que a nossa sociedade está muita secularizada, ou seja, a dimensão espiritual está muito ausente, o que vale é o aqui e o agora, apenas o conforto individual, e o jovem sofre essa perda de valores. Junto com isso vem também o comodismo, há muitos jovens acomodados, em todos os sentidos, não só em ações transformadoras, mas até no modo de viver. Vemos muito jovens que preferem ficar no sofá, em frente a televisão, do que jogar uma partida de futebol, por exemplo. O terceiro desafio talvez seja a superação do pansexualismo, onde o sexo é usado para tudo, para vender um carro, um perfume ou qualquer coisa, ele se torna um apelo. Isso mexe demais com a cabeça do jovem e até influencia nas suas atitudes.

O que o contato com a juventude lhe proporciona?
Dom Ercílio: Me lembro do tempo que eu trabalhava com os jovens, fui professor e formador durante muitos anos. Você estar com os jovens no dia a dia é rejuvenescedor, agente esquece que tem 70 e quer sair jogando bola de novo. Eu me sentia mais jovem quando trabalhava com os jovens. Isso proporciona também um olhar para a frente, esperando melhores dias para a Igreja, para as comunidades e para o mundo todo. 

Como o senhor vê a juventude na nossa Arquidiocese?
Dom Ercílio: Como toda a juventude é uma juventude sedenta de valores. O jovem é sempre idealista, reformista e isso é próprio dele. Ao mesmo tempo os jovens são muito carentes, carentes de atenção do governo, da comunidade, da escola e até da comunidade eclesial. Por outro lado, uma boa parte de nossa juventude está organizada, marcando presença nas comunidades, tanto as pastorais como os movimentos. Isso é, para nós, motivo de esperança, porque a juventude que participa de um movimento fica marcada pelo resto da vida, no sentido de ter feito uma coisa boa, de ter participado e vibrado a força do jovem.

E a organização do setor juventude?
Dom Ercílio: Em primeiro lugar a CNBB já insistia conosco para organizar um espaço que pudesse unir toda a juventude, para que não ficassem as pastorais de um lado e os movimentos de outro, respeitando as características de cada um desses grupos. Isso trará um efeito muito bom para o nosso trabalho. As forças divididas não levam a nada, enquanto as forças somadas levam rapidamente para frente. Eu vejo, então, como uma grande esperança.

O que a realização da JMJ no Brasil pode trazer à juventude brasileira?
Dom Ercílio: Toda a Jornada vai ser uma grande evangelização dos jovens do Brasil. Em toda a parte a juventude está sendo sacudida em um grande momento de evangelização da juventude, mostrando que seguir a Cristo também é um motivo de festa e de alegria da juventude. Espero que possa trazer um novo tempo para a Igreja Jovem do Brasil.

O Senhor poderia deixar uma mensagem para a juventude?
Dom Ercílio: Sugiro que todos arregacem as mangas, ponham a mão na massa e ajudem para que a JMJ aconteça de fato aqui na Arquidiocese através da peregrinação da cruz e do ícone. Que vocês jovens, não se omitam nesse momento. Se, por acaso, não puderem participar fisicamente, acompanhem pelos jornais e rádios, se fazendo conhecedores daquilo que está acontecendo na nossa Arquidiocese e na nossa Igreja. 


Por Victória Holzbach, referencial da comunicação da JMJ na Arquidiocese de Passo Fundo

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