Querida Juventude!
Assim como em todos os anos, a mais de 25, o DNJ (Dia Nacional da Juventude) nos trás uma temática profundamente importante que animam a juventude em seus grupos de jovens, na perspectiva da defesa da vida. E neste ano a temática nos convoca a refletir sobre o Protagonismo Feminino, sob o lema: “Jovens mulheres tecendo relações de Vida”.
Como já é de nosso conhecimento, ao longo das últimas décadas, em diferentes países e culturas, muitos grupos de mulheres vêm se empenhando na busca por vida digna para si e para os seus, por reconhecimento, por autonomia, pelo direito à participação ativa na vida da comunidade e na sociedade, pelo direito de decidir e exercer a sua capacidade de liderança. Alguns espaços da sociedade, entre eles a Igreja, favoreceram esse processo e souberam reconhecer aí uma busca legítima de construção de novos sentidos e olhares, principalmente à atuação das mulheres em múltiplos espaços e momentos possibilitando relações mais solidárias entre homens e mulheres.
Mas o caminho para se chegar até aqui foi de muita resistência, luta e esperança. Voltemos um pouco mais na história e adentremo-nos no campo bíblico. Percebe-se que muitos textos bíblicos, lidos de forma fundamentalista, serviram para manter as mulheres silenciosas no seu pensar e agir. Lembramos, entre outros, de Gn 2,21-23; Mt 19,6; Ef 5,22-23; 1Cor 14,33-35; 1Tm 2,11-15, 1Pd 3,7. Algumas dessas leituras quando feitas ao pé da letra contribuem para reforçar na cultura o preconceito contra as mulheres. Entendemos que a Bíblia não foi escrita por Deus, mas por pessoas. Trata-se de um testemunho de fé de pessoas que experimentaram a ação de Deus em sua vida. Podemos afirmar assim que cada texto bíblico traz consigo os conceitos e pré-conceitos do mundo de então, normalmente na ótica masculina. A Bíblia não é neutra e nem nós, que a lemos, o fazemos com neutralidade. Perceber a ação de Deus e a sua manifestação em cada situação que a Bíblia nos apresenta é o desafio que nos cabe, visto que estamos na continuidade da caminhada de fé de homens e mulheres e buscamos N’Ela força, consolo, sabedoria e orientação.
“Para a liberdade foi que Cristo libertou” (Gl 5, 1). Ao olharmos para a vivência de Jesus junto às mulheres, percebemos o resgate à dignidade negada a ela, a valorização do seu pensar e agir, a inclusão como sujeitas na vida comunitária, o convite ao discipulado como pessoas criadas à imagem de Deus. A maioria das culturas é igualmente preconceituosa nesse ponto e ficaria escandalizada com Jesus, que apreciava o perfume e o afeto de uma mulher e que insistia em que a memória da ternura de uma mulher fosse preservada ‘por onde quer que o evangelho fosse proclamado' (Mt 26, 12).
E assim como Jesus, precisamos também nós jovens, discernir o que oprime e o que é libertador, e encontrar na Bíblia o suporte para denunciar as relações de poder que impedem a igualdade e a liberdade das mulheres em todos os espaços.
Que o DNJ possa ser celebrado em nossos grupos e comunidades e reforce algumas reflexões sobre a necessidade de reorganizarmos nossas relações e aprendermos a respeitar a diversidade. Vamos juntas e juntos tecer relações de Vida desejando um mundo novo no tempo presente.
Com carinho,
Edivane Rodrigues.
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