Quem dizes vós que eu sou?
No domingo passado, os jovens da Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Passo Fundo finalizaram mais uma Escola da Juventude. O encontro que durou 5 dias debateu temas diversos pertinentes à Pastoral da Juventude e à vida dos jovens. Podemos ouvir jovens proclamando palavras doces, vindouras de profunda intimidade e consciência. Ver jovens sentindo sabores, cheiros, sons e toques que ao serem percebidos, traduziam a sagrada história de cada um/a, baseada em um projeto libertador, muito mais vivo, interessante e desafiador que o apresentado midiaticamente. Vi jovens dando-se conta de que a história é construída por muitas mãos, na vivência de uma identidade rica de sonhos, autoafirmada na autonomia e protagonizada por todos/as eles/as. Ouvimos jovens cantantes e alegres, cirandeando à Mística da vida, cultivando a horizontal e circular espiritualidade. Vi a Civilização do Amor na minha frente, tão pequena, mas vibrante. Em suas ruas pessoas felizes, por comer um pedaço de bolo que não saiu como esperado; felizes por rolar na grama, sem medo de brincar com a criança de ontem, habitando a intimidade; felizes por se aventurar rolando morros e até caindo de cara; felizes por serem balançadas como sininhos humanos; felizes por perderem a memória, perguntarem umas 25 vezes "o que é isso?" e todas as 25 vezes dizendo "isso é um abraço". Ouvi sussurros de jovens dizendo amar um Homem, que de tão conhecedor da tua humanidade, só pode ser Deus, que amou inexplicavelmente a todos/as, compadeceu-se de tantas dores, indignou-se com tantas opressões que ofuscavam a vida, que defendeu sua causa até as últimas consequências, mas venceu a Morte, e agora estes/as jovens querem segui-Lo assumindo o seu legado como Missão. Vi e ouvi jovens expressando e respondendo, com tanta irreverência e liberdade à pergunta "Que dizem que Eu sou?", que ao manifestar isso em carinho, burlaram as indicações, extrapolaram o tempo, mas marearam os olhos diante de tanto amor e cuidado. Enfim, o que vi e ouvi nestes cinco dias? A Igreja Jovem, a Pastoral da Juventude; Vi a esperança viva e semeando Vida, Construindo um mundo de Amor!
Percebemos que somos história vivida, partilhada e experimentada. Somos história construída a partir de realidades que dão sentido ao bodoque, defendendo a vida onde ela é ameaçada por desejar ser plena. Percebemos que somos parte de um projeto libertador, que é caminho, desafio, vida, que é comunidade, compromisso e ainda, que é memória, sentido e modelo. Projeto que é diverso, crítico, que anseia e semeia amor. Percebemos que somos mística movimentada, que somos espiritualidade cultivada. Que somos complexos, transformação e re-significação. Que somos sonhos, que somos imagem no olho, que somos garrafa de sonhos e que nos encontramos nos outros. Percebemos que somos eu além daquele que fui e além daquilo que quero ser. Corajoso o suficiente para dizer "tenho medo". Que sou gostos, sabores, toques e cheiros e que mesmo cheio de imperfeições verás que sou vários "eus". Eu o que fui, eu o que sou e eu o que serei. Percebemos ainda que não podemos ficar parados, olhando a gritante realidade. Que aquilo que vimos e ouvimos precisamos proclamar. Percebemos enfim, que somos missão, anúncio da boa-nova. Que somos do lado de cá e do lado de lá, com muitos amigos e alguém para amar.
Por Eduardo Nischespois Scorsatto e Raphael Alves.
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