04/08/2016

Ei juventude! Que planeta deixaremos para as futuras gerações?

Ei juventude! Que planeta deixaremos para as futuras gerações?

Junior Bufon Centenaro[1]

     Muitos já se debruçaram, principalmente na contemporaneidade, sobre essa questão. Recentemente, Francisco, Bispo de Roma em sua carta Encíclica Laudato Sí, sobre o cuidado da casa comum, fez um grande apelo à população mundial para que não abandone a atualidade e a pertinência, da relação entre nossa ação no planeta e a garantia dos recursos naturais para a sobrevivência das futuras gerações. Francisco, aborda a questão ecológica de forma integral, nas suas diversas facetas, apontando para um olhar complexo da crise ecológica, dialogando com a sociedade mundial, com a ciência, com os vários campos do saber.
          As juventudes do hoje precisam adentrar e lutar por um paradigma ecológico. Isso não ocorre de uma hora para outra. É um processo de desconstrução de paradigmas e construção de outros. Fritjof Capra, físico e teórico contemporâneo, um dos expoentes do pensamento holista e complexo, afirma com muita clareza que nas próximas décadas, a sobrevivência da humanidade dependerá da “alfabetização ecológica”. Uma comunidade sustentável é a que consegue satisfazer às próprias necessidades sem reduzir as oportunidades das gerações futuras. Não nos assustamos quando nos dizem que se todos os países adotassem o modo consumista norte-americano, precisaríamos três planetas Terra para garantir os recursos para sustentar a vida humana no planeta?
       O filósofo norueguês Arne Naess, fundou no início de 1970, uma escola de pensamento chamada “ecologia profunda”. A partir da ótica filosófica, Naess distinguiu ecologia “rasa” de “profunda”. A primeira é antropocêntrica, que considera o ser humano fora da natureza e acima dela, atribuindo-lhe apenas valor instrumental e utilitário. A crise desse paradigma é evidente, pois, a capacidade da biosfera de manter a vida corre perigo pela inadequada exploração dos recursos naturais. A segunda, não compreende o homem separado do ambiente, mas o situa dentro de uma rede interligada de interdependência. O ser humano está inserido nos processos cíclicos da natureza. A arrogância do homem moderno, de se colocar como o senhor de tudo precisa ser rompida.
       A alfabetização ecológica proposta por Capra, o caminho proposto por Francisco, a importante contribuição filosófica de Naees e de muitos outros e outras precisam estar em nossos currículos, em nossos diálogos, em nossos espaços educativos formais e informais. Que tal educar num paradigma ecológico? Ele transcende todas as diferenças de raça, cultura ou classe social. A Terra é nossa casa comum, e criar um mundo sustentável para nós e para as gerações futuras é urgente. Vamos ser jovens que fazem a diferença, ou vamos continuar o lado arrogante do antropocentrismo moderno?
  




[1]Estudante de Filosofia; Articulador da Pastoral Social da Arquidiocese de Passo Fundo.

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